Dados e Inovação em RIG
- Eduardo Galvão
- 21 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Usando a repercussão da CPI da Pandemia como exemplo
Por Jaqueline Buckstegge (COO @IBPAD, M.A. Ciência Política-UFPR)
A utilização de dados no trabalho de Relações Institucionais e Governamentais não é algo novo. Há décadas, profissionais se apoiam na construção de narrativas e avaliação de cenários para tomada de decisão e atuação.
O que é novo é, dentro de um mundo cada vez mais digitalizado, a facilidade e grande quantidade de dados disponíveis. As habilidades necessárias para processar tais informações em tempo real mudam um pouco. Aqui precisamos discutir (i) inovação e processamento, (ii) visualização e análise e (iii) como acionar insights no cotidiano do trabalho.
Um dos grandes pilares desta mudança é a variável “redes sociais”. Neste tipo de dado, podemos discutir tanto produção como consumo de informação em um ambiente onde Poder Público, Instituições e Empresas se aproximam cada vez mais do cidadão comum.
Como forma de exercitar o potencial do ambiente digital para análise política, é possível observar o acompanhamento da CPI da Pandemia no Senado Federal. Desde de seu início, todas as sessões têm audiências significativas através de diversas plataformas de streaming. Dentre elas, o Youtube se comporta como ótima fonte de insumo, tanto por sua consolidação como plataforma de vídeos e também por uma estrutura de disponibilidade de dados via API facilitada.
Até o momento, o canal do Senado Federal disponibilizou 10.418 vídeos e 2.170 horas de transmissão, que somam 79,8 milhões de visualizações. A análise descritiva dos dados de produção de conteúdo relacionado já traz muito insumo, mas isso não esgota o que podemos trabalhar. O maior potencial não explorado é o comportamento da audiência destes vídeos. A visualização abaixo agrupa vídeos similares pelo comportamento de consumo dos próprios usuários.

Aqui temos, além do dimensionamento de conteúdo produzido e consequentemente sua repercussão, as relações de interesse que a própria audiência cria. Mas isso deste tipo de análise exploratória, mais dúvidas surgem:
- Quem são os públicos que consomem cada grupo de conteúdo?
- Qual é a proporção da presença de narrativa governamental em cada grupo?
- Como esta transmissão repercutiu no restante do ambiente digital? Como isso impactou a opinião pública?
- Uma vez que conteúdo sobre as presenças de Queiroga e Pazuello são centrais no interesse do público, como eles se relacionam com as outras presenças;
- Uma vez que temos dois grandes grupos de interesse vinculados a vacinas, como isso impactou a imagem dos laboratórios no cenário nacional?
A análise de dados, neste caso, é a porta de entrada para compreensão de impacto. Casos como este podem ser estudados em diversos setores e com vários objetos.
A partir daqui, seguem alguns desafios importantes para inovarmos de verdade em RIG. Primeiramente, precisamos garantir que nossa rede de profissionais de análise mantenham-se atualizados e treinados em metodologias e ferramentas que possibilitem a análise. Além disso, perfis de atuação precisam exercitar a habilidade de criar perguntas relevantes e acionar as análises em atuação segue dentro do escopo cotidiano.
Dentro de análise, detalhamos que Big Data só existe estruturado em 5 pilares: volume, velocidade, veracidade, variedade e valor. Sem valor para o negócio, uma grande quantidade de dados serve apenas de ilustração. Este valor, no ponto que estamos em RIG, virá da habilidade dos profissionais em construir narrativas e desenhos interessantes de pesquisa.
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